Como ser individual e espiritual, a criança dificilmente encontraria, sem a ajuda de um educador, o meio para se integrar no mundo e na própria corporalidade. É importante que ela concretize suas conquistas rumo à autonomia, à capacidade de julgar e à faculdade de se autodeterminar na idade apropriada. Por isso, a autoridade do professor é construída de forma amorosa, e sua tarefa, nestes primeiros anos do ensino fundamental, é desenvolver hábitos saudáveis com ela, inspirando posturas éticas, amorosas e flexíveis, para que cada uma encontre seu caminho. Este professor dialoga com ela, ouvindo-a, não somente intelectualmente, mas ampliando seus sentidos e buscando desvendar em cada uma seu ser único, sua essência.
No 1º e no 2º anos, o ensino também se dá por “épocas”, onde uma matéria (letras, desenho de formas e números) é trabalhada por três ou quatro semanas. As aulas de língua materna visam à qualidade dos sons, da rima e do ritmo. A criança, ao deduzir a forma das letras por meio de uma imagem contextualizada (desenho de lousa), chega a ter uma relação individual com elas e com o ato de escrever. Assim, o conteúdo é vivenciado antes de ser intelectualizado.
O ensino de línguas estrangeiras (inglês e alemão) é semelhante ao da língua materna. No 1º e no 2º anos, a criança ainda não escreve nem aprende gramática. O contato com os idiomas se dá por meio de contos de fada, fábulas no 2º ano, narrações e poesias trabalhados no caderno através de desenhos.
Na Matemática, como em outras disciplinas, o ensino se constrói do todo para as partes. A maneira pela qual a criança aprende a calcular plasma o cérebro do adulto. A introdução dos números no 1º ano enfoca os valores quantitativo e qualitativo, ou seja, o 2 não é apenas a soma de 1 mais 1; é também a dualidade de tudo o que existe no mundo.
O contraste deste aspecto dinâmico de atividade mental é vivenciado na Pintura com aquarela, que adentra na intimidade da cor. Já na Música, a vivência primeira é com o som. A introdução do ensino da flauta tem um ritual de cuidado e apreço pelo instrumento, que trabalha a corrente respiratória e desenvolve a habilidade manual e a percepção auditiva.
A Euritmia, também imprescindível pelo seu caráter formativo, acompanha, tanto no conteúdo como na forma, os grandes temas abordados pelo professor de classe e respeita o momento evolutivo da criança.
No ensino da Ginástica, que trabalha com a corporalidade, procura-se, nos dois primeiros anos, tornar a criança ágil em seus movimentos por meio da ludicidade – jogos e brincadeiras.
A habilidade corporal é também a meta do ensino de Trabalhos Manuais. Seu desenvolvimento e o treino da motricidade fina se relacionam com os processos neurais. Eles dão ensejo para que a criança perceba o erro de algum ponto ou movimento executado, sendo o próprio desempenho o critério direcionador de seu trabalho.
A avaliação é feita de maneira contínua – e não pontualmente, como no modelo de “prova”. Os professores avaliam as conquistas e as habilidades de cada criança nas diferentes áreas do ensino, destacando suas potências e apontando para os pontos carentes de dedicação e de aperfeiçoamento.
Os educadores conhecem tão bem seus educandos que são capazes de avaliar o aprendizado como um todo, de forma global, sem que seja necessário que estes “provem”.
Em resumo, o importante é oportunizar à criança o contato com o mundo, levando em conta a necessidade elementar de se conhecer também a realidade interior da natureza, da fala, dos sons e das técnicas culturais criadas pelo homem. É importante que a criança venha a respeitar não só aquilo que existe, mas também aquele que cria. Dessa maneira, a familiarização com o mundo estimula também o desejo de saber fazer algo; surge daí a motivação para aprender.
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